quinta-feira, 12 de julho de 2012

Política e repetição de fatos: tragédias ou farsas


Política e repetição de fatos: tragédias ou farsas
A política que já não é tão nobre tem ganhado todos os dias um pouco mais da descrença do cidadão brasileiro, contudo precisa ser ressaltado que é preciso elencar o olhar do povo para desejar o melhor para as cidades. A política toma seus rumos, os políticos por vezes tomam o rumo que os politiqueiros desejam. Rui Barbosa, grande jurista, diplomata e notável escritor, além de extraordinário orador, deixou um escrito que nos faz refletir sobre a atual situação da nossa sociedade e parece que aqueles pensamentos de outrora ainda permanece elucidativo. Escreveu ele: "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto..." A indignação de Rui Barbosa, ainda que tenha sido no século passado faz sentido e é digna de nossas reflexões.
Sabemos que na política profissional precisa-se fazer alianças, não de meras alianças, mas de junções que permitam ter o maior número de aliados, de preferência com poder financeiro. Afinal, não se faz política sem “recursos”, pois o objetivo central da política desvia-se da conquista do voto do eleitor, para os meandros para conquistá-lo. Quando vi o Lula apertando a mão do Maluf lembrei-me da História do Brasil durante o século XX. Recordo-me de falarmos e estudarmos o tenentismo no Brasil, na década de 1920. Acredito que um dos maiores marcos da História política brasileira foi a Coluna Prestes, percorreu cerca de 25.000 km em território brasileiro até alcançar a Bolívia. Foi um ato que provocou transformação social no Brasil, coadunou com o golpe de 1930 e mais precisamente com Getúlio Vargas no poder, situação que perdurou até 1945. Vargas e Prestes tornaram-se inimigos ferrenhos, Prestes foi preso por ações comunistas, ficou encarcerado entre 1936 a 1945, sua esposa, Olga Benário Prestes, foi extradita para os campos de concentração da Alemanha Nazista e assassinada por ser judia. Os anos passaram Prestes foi liberto, continuou com suas ideologias, contudo, retornemos a “janeiro de 1950” quando ocorreu o inesperado. Getulio Vargas pede apoio ao líder comunista Luís Carlos Prestes para sua candidatura à presidência. Apesar dos anos passados, era o mesmo político que o havia mandado à prisão, proibido a existência de seu partido e, mais grave, enviado sua esposa grávida para um dos mais desumanos campos de concentração da Alemanha nazista. A resposta surpreendeu de companheiros a inimigos: “Não posso colocar os meus dramas pessoais acima dos interesses do partido”. “Aceito apoiá-lo”. O que isso tem a ver com o presente. Como Historiador principiante da ética e decência, recorda-me que até alguns dias Lula e Maluf, eram inimigos políticos: não é legal que nos encontremos em uma estrada sozinhos, pode dar caca. Prestes e Lula são políticos e me fazem pensar sobre a seguinte questão: Eles tomaram tais atitudes, porque são capazes de pensar sempre no melhor para o povo? Ou, é preciso tomar alianças poderosas para adquirir a Prefeitura de São Paulo-SP, a capital sem planejamento, com cultura elitista e sob o poder desta mesma elite há décadas.
Alguém pode questionar os motivos de outrem escrever algo fora da nossa realidade. Será? Tudo se torna bastante questionável, exaltador das discussões dos bastidores da Política, haja vista não está definido e podemos perceber que algo aparece na escuridão das eloquentes conversas análogas das eleições em todo o país.  Poderia dizer como historiador que de quando em vez os políticos precisam negociar aquilo que deve ser melhor para o povo, para as cidades, que precisa voltar a crescer e buscar novos meios de empregabilidade para a população, independente da cidade ou Estado. Contudo, também podemos voltar ao século XVII e dizer, parafraseando Chico Buarque de Holanda, exímio analista de “Calabar: O Elogio da Traição”, que o homem nesta vida precisa nem que seja por uma só vez tomar atitudes e escolher um lado para caminhar. Domingos Fernandes Calabar, um dia mudou de lado, contudo acredita-se que teve a honradez de se manter do lado que seria melhor para o Brasil Colonial do século XVII, mais precisamente do nordeste - açucareiro que prosperava com a colonização mantida naquele período pelos holandeses. A pergunta hoje pode ser: Será que os desejosos de alianças querem parceiros políticos ou politiqueiros? E assim, após a eleição lhes renda cargos de confiança, que não seja em suas cidades, mas pode ser na vizinhança. É pertinente nosso questionamento se levarmos em consideração que os anos vindouros é que ficam em jogo, pois já não há o êxito de se ter a integridade, vale mais a palavra oca sem compromisso. Se o dito popular, em desuso, dizia:  que um fio de bigode era parte da palavra de um homem. O que podemos pensar sobre a palavra política e dos políticos na atualidade? Como podemos definir a conjuntura de políticos que ora se amam ora se odeiam? Como entende-los, localizá-los ou tratá-los politicamente se por vezes criticam e em pouco tempo mudam seus discursos? Não obstante, tratam os seus eleitores como meros receptores de conversas afiadas, falam com os cidadãos tratando-os como analfabetos do mundo político. Tudo bem de os politiqueiros nos tratarem como se todos não quisessem um Brasil melhor, mas, por favor, não nos banalizem tanto. Somos um povo de democracia nascente, mas os Demóstenes não são imaculados. E nem a população é tão modesta que não possa compreender a maldade existente nas jogadas políticas de nossa atualidade.
Claudinei Araújo dos Santos. Licenciado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Nova Andradina. Leciona História e Sociologia na Escola Estadual Profª. Fátima Gaiotto Sampaio. Estuda atualmente religiões e religiosidade no Processo de colonização do Vale do Ivinhema-MS (1954-1980).



Um comentário:

  1. Olá Claudinei, boa noite.
    Obrigado pelo envio de sua postagem. Certamente, em relação a temas como esse, sempre temos muitos aspectos para discutir, concordando ou discordando do todo ou de partes. De qualquer forma, fica aqui uma observação bastante geral: uma boa formação política exige discussão qualificada e postagens como a sua são muito importantes para instigar o senso crítico e provocar um bom debate, especialmente entre os seus alunos, que têm a sorte de contar com um grande professor. Longa vida ao blog e um abraço. Ângelo Emílio

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